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segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

TIPOS DE POLUIÇÃO

POLUIÇÃO DO AR
  • Entre os principais agentes poluidores do ar, merecem destaque os veículos automotivos.
  • A poluição atmosférica é responsável por vários problemas respiratórios e cardiovasculares
  • A expressão poluição do ar designa as mudanças na composição atmosférica natural que podem causar prejuízos para os seres vivos e demais recursos naturais. Trata-se de uma ocorrência cada vez mais comum nos grandes centros urbanos e leva ao desenvolvimento de problemas graves de saúde para o homem, além de prejudicar a fauna e a flora de uma região e ser responsável até mesmo pela deterioração de monumentos e outras obras.
  • Qualquer substância que esteja no ar e seja capaz de torná-lo impróprio e prejudicial à saúde é chamada de poluente atmosférico. Dentre as principais fontes de emissão de poluentes, podemos destacar as indústrias, a queima de lixo, os veículos automotores e aviões. Vale destacar que alguns processos naturais levam à emissão de poluentes, como é o caso das erupções vulcânicas, tempestades de areia e incêndios florestais não criminosos.
  • As fontes de emissão de poluentes podem ser classificadas em móveis ou fixas. As fontes móveis são aquelas que estão em movimento, como é o caso dos carros e aviões. Já as fontes fixas são aquelas que não se locomovem, liberando poluentes sempre de um local específico, como é o caso das indústrias e vulcões.
  • Podemos classificar os agentes poluidores do ar em dois grupos principais: os primários e os secundários. Enquanto os primários saem diretamente da fonte emissora, aqueles poluentes que são formados pela interação entre componentes naturais e poluentes primários recebem a denominação de secundários. Veja o quadro a seguir:
  • Os problemas gerados pela poluição atmosférica causam o aumento da incidência de doenças respiratórias e cardiovasculares na população, acidificação de rios e florestas, diminuição da visibilidade, aumento da formação de neblina, chuvas ácidas, intensificação do efeito estufa e destruição da camada de ozônio.
  • É de fundamental importância que os níveis de poluentes sejam constantemente monitorados a fim de evitar o agravamento de quadros de poluição. A criação de leis severas para tratar da eliminação de poluentes e a conscientização da população sobre a importância de evitar o lançamento de substâncias tóxicas podem mudar o triste quadro que vivemos atualmente.
  • O nível de referência é tido como nível máximo de um poluente na atmosfera para não prejudicar a saúde da sociedade. Normalmente, os níveis são determinados a partir de dados científicos de dose-resposta obtidos como resultado de estudos toxicológicos e epidemiológicos, ou até mesmo estudos de efeitos em vegetais e materiais inertes.
  • No Brasil, os níveis de referência foram estabelecidos como padrão de qualidade do ar, estão definidos na Resolução do Conama nº 3 são válidos em todo país. São considerados os seguintes poluentes: partículas inaláveis (PI), partículas totais em suspensão (PTS), fumaça, dióxido de enxofre (SO2 ), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3 ) e dióxido de nitrogênio (NO2 ). Foram estabelecidos padrões primários destinados à proteção da saúde e padrões secundários para efeito mínimo sobre o meio ambiente e a sociedade.
  • Os valores estabelecidos na resolução são mostrados na tabela a seguir. Entretanto, muitos estão desatualizados em relação ao material particulado, dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio, como os valores publicados pela OMS.
Principais poluentes atmosféricos
  • É considerado poluente atmosférico qualquer tipo de material gasoso, líquido ou sólido e de energia que, lançado na atmosfera, pode gerar um impacto negativo mensurável. Ondas eletromagnéticas e sonoras são exemplos de poluentes na forma de energia; na forma de matéria, podemos citar material particulado e gases.
Material particulado
  • As partículas sólidas ou líquidas emitidas por fontes de poluição do ar, ou mesmo aquelas formadas na atmosfera, como as partículas de sulfatos, são denominadas material particulado e, quando suspensas no ar, são chamadas de aerossol. As partículas de maior interesse para a saúde pública são aquelas de menor tamanho, como as partículas inaláveis, entre elas, as respiráveis, que têm maior poder de penetração no trato respiratório inferior.
  • O material particulado pode ser classificado de acordo com o seu método de formação em: fumos (fumos de chumbo, fumos de alumínio, fumos de zinco, fumos de cloreto de amônio), poeiras (poeiras de amianto, de cimento, de algodão, de rua), fumaça (material particulado da queima de combustíveis fósseis como carvão, gasolina, diesel, biomassa) e névoas (partículas líquidas).
Gases
  • São poluentes na forma molecular. Podem ser gases permanentes, como o dióxido de enxofre, o monóxido de carbono, o ozônio ou os óxidos nitrosos, e gases transitórios de vapor, como os vapores orgânicos em geral, por exemplo, a gasolina e os solventes. Observação Smog é um termo geral usado, desde 1905, para uma mistura de fumaça (smoke) e neblina (fog) que produz um ar urbano insalubre. Nessas condições, são liberadas na atmosfera partículas de NOx e hidrocarbonetos.
  • Os poluentes podem ser classificados de acordo com a sua origem em primários, emitidos já na forma de poluentes, e secundários, que são formados na atmosfera por reações químicas ou fotoquímicas, como no caso do ozônio no smog fotoquímico. No entanto, nenhum poluente é totalmente primário ou secundário, existindo aqueles que se enquadram melhor em um ou outro tipo. O ozônio, por exemplo, é predominantemente de origem secundária, já o monóxido de carbono e dióxido de enxofre são primários.
  • O nível de referência é tido como nível máximo de um poluente na atmosfera para não prejudicar a saúde da sociedade. Normalmente, os níveis são determinados a partir de dados científicos de dose-resposta obtidos como resultado de estudos toxicológicos e epidemiológicos, ou até mesmo estudos de efeitos em vegetais e materiais inertes. No Brasil, os níveis de referência foram estabelecidos como padrão de qualidade do ar, estão definidos na Resolução do Conama nº 3 e são válidos em todo país. São considerados os seguintes poluentes:
    • Partículas inaláveis (PI)
    • Partículas totais em suspensão (PTS)
    • Fumaça, dióxido de enxofre (SO2)
    • Monóxido de carbono (CO), ozônio (O3)
    • Dióxido de nitrogênio (NO2).
  • Independentemente do estado físico, podemos classificar as substâncias em: substâncias causadoras de odores desagradáveis, como mercaptanas, solventes, orgânicos, entre outros; poluentes muito tóxicos, como dioxinas e furanos; compostos aromáticos (benzeno, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos HPA); e metais pesados (cádmio, mercúrio, cromo hexavalente, níquel, entre outros), que podem causar carcinogênese ou mutagênicidade em humanos. Dioxinas e furanos Furanos e dioxinas formaram-se naturalmente como poluentes industriais, principalmente no século XX.
  • As emissões atmosféricas podem ser provenientes de ações naturais ou antrópicas. As emissões naturais provêm de erupções vulcânicas que lançam gases e partículas no ar, como gás sulfídrico e dióxido de enxofre, decomposição de vegetais e animais, ação do vento causando suspensão de poeira do solo e de areia, ação biológica de microrganismos no solo, formação de metano em pântanos, descargas elétricas na atmosfera formando ozônio e incêndios florestais naturais que lançam na atmosfera material particulado, monóxido de carbono, gás carbônico e hidrocarbonetos.
  • As emissões naturais são bastante significativas quando comparadas com as ações antrópicas e, em alguns casos, podem causar um impacto muito maior. Podemos destacar entre as fontes antrópicas os vários processos industriais, a queima de combustível na indústria para fins de transporte nos veículos movidos a gasolina, álcool, diesel ou qualquer outro tipo de combustível, para aquecimento em geral e cozimento de alimentos, queimadas, queima de lixo ao ar livre, limpeza de roupas, poeira fugitiva provocada pela movimentação de veículos, incineração de lixo, poeiras formadas em demolições na construção civil e movimentação de terra, comercialização e armazenamento de produtos voláteis, como gasolina e solvente, ar condicionado e equipamentos de refrigeração, pintura em geral, estação de tratamento de esgotos domésticos e industriais e aterros de resíduos sólidos. A maior fonte de emissão de poluentes são os veículos, principalmente nos centros urbanos.
Dispersão de poluentes na atmosfera
  • O movimento dos poluentes na atmosfera é determinado pelas condições meteorológicas: por exemplo, a turbulência mecânica provocada pelo vento e a turbulência térmica resultante de parcelas de ar aquecido que ascendem da superfície terrestre e são substituídas pelo ar mais frio que descende no perfil vertical de temperatura da atmosfera e também pela topografia e rugosidade do terreno na região.
  • Os poluentes lançados na atmosfera sofrem o efeito de processos complexos, sujeitos a vários fatores que determinam a concentração do poluente no tempo e no espaço. Assim, emissões e conteúdos idênticos, sob as mesmas condições de lançamento no ar, podem produzir concentrações diferentes num mesmo local dependendo das condições meteorológicas presentes, como inversão térmica, rugosidade e características do terreno, chuvas e outras condições locais.
  • Os fatores meteorológicos influenciam fortemente na dispersão de poluentes, na velocidade e direção dos ventos, no gradiente vertical de temperatura, na intensidade da radiação solar e nos tipos de chuvas. As chuvas influenciam a qualidade do ar de maneira acentuada e são um importante agente de autodepuração da atmosfera em relação às partículas presentes, assim como os gases solúveis ou reativos com água. Não devemos esquecer que a lavagem da atmosfera significa a transposição dos poluentes do solo e das águas superficiais, podendo causar efeitos deletérios às águas das chuvas denominadas ácidas.
  • É comum observarmos diferentes formatos das plumas (fumaça) que saem de uma chaminé, mesmo para iguais estados de emissão. Isso se deve às várias condições de estabilidade da atmosfera. Os movimentos verticais de massas de ar dependem do perfil vertical de temperatura e da variação da temperatura do ar com a altitude. O ar seco resfria-se à taxa de 1 ºC para cada cem metros de subida na atmosfera. O ar úmido resfria-se à taxa de aproximadamente 0,65 ºC para cada cem metros de subida na atmosfera.
  • Quando a temperatura do ar aumenta com a altitude, diz-se que há inversão térmica, fenômeno de origem natural não decorrente da poluição do ar.
Efeitos da poluição do ar
  • Os efeitos da poluição do ar são caracterizados pela modificação das condições consideradas normais e pelo aumento dos problemas já existentes.
  • Os efeitos podem ser globais, regionais e locais. Podem causar impacto na saúde e bem-estar da sociedade, na flora e na fauna, nos materiais e nas propriedades da atmosfera, levando à redução da visibilidade, chuva ácida, efeito estufa e alteração da intensidade da radiação solar.
  • Os principais efeitos da poluição do ar na saúde da h umanidade podem ser: doenças dermatológicas, problemas oftálmicos, doenças gastrointestinais, pulmonares e cardiovasculares, além de alguns tipos de câncer. Foram observados efeitos no sistema nervoso central após exposição a altos níveis de monóxido de carbono no ar.
  • A exposição humana pode se dar por ingestão ou contato com a pele e inalação, que pode ser considerada a mais importante e mais vulnerável. A poluição do ar é caracterizada pela OMS como um fator de risco para muitas doenças, como: infecções respiratórias agudas; asma; infecções respiratórias das vias aéreas superiores, como garganta, sínus, laringe, traqueia e brônquios; doenças pulmonares obstrutivas; e câncer.
Efeito estético
  • O efeito mais fácil de ser notado é a deposição de partículas, em especial poeira e fumaça, nos prédios e monumentos. Podemos notar a corrosão de materiais metálicos causada pelos gases como dióxido de enxofre, considerados ácidos. Outro fator que influencia a corrosão é a umidade e temperatura. O ferro e o aço são muito sujeitos à corrosão quando expostos às intempéries do tempo e à poluição.
  • O ataque dos materiais de construção não metálicos ocorre principalmente pela ação de dióxido de enxofre, que reage com os carbonatos na presença de umidade, formando sulfatos mais solúveis e causando deterioração do material. O dióxido de carbono, na presença de umidade, forma o ácido carbônico, que reage com o calcário em bicarbonato, que, por ser solúvel em água, pode ser levado pela chuva. O mármore de estátuas e monumentos sofrem os mesmos efeitos que as construções. Assim podemos dizer que a poluição afeta o patrimônio cultural das cidades.
  • Nas tintas, a poluição da atmosfera pode causar descoloração, escurecimento e sujeira, aumentando a frequência das pinturas. O gás sulfídrico é o agente que mais afeta as tintas. Os principais efeitos da poluição do ar na vegetação são: modificação do crescimento e da produtividade da planta, colapso foliar, envelhecimento precoce, descoloração, clorose e outras modificações de cor e necrose do tecido foliar. Os danos podem causar uma redução da penetração da luz, com consequente redução da capacidade fotossintética, normalmente por deposição de partículas nas folhas; pela penetração pelas raízes, após deposição de partículas ou dissolução de gases no solo; pela penetração dos poluentes pelos estômatos, que são pequenos poros na superfície das plantas, geralmente localizados nas folhas e na parte inferior onde ocorre a troca de gases (oxigênio e dióxido de carbono).
Efeitos globais
  • Em todo o planeta somos afetados pela diminuição da camada de ozônio, pelo efeito estufa e, em menor escala, pela chuva ácida. O estilo de vida da sociedade moderna lançou grandes quantidades de poluentes na atmosfera. Com isso, podemos prever a possibilidade de ocorrerem outros efeitos globais devido ao aumento da concentração de poluentes na atmosfera.
  • A concentração de ozônio da estratosfera tem diminuído mais rapidamente nos últimos anos, especialmente na Antártica, gerando o buraco na camada de ozônio que ocorre na primavera austral. O ozônio da estratosfera está sendo eliminado, em grande parte, pelo cloro presente nos clorofluorcabonos, substâncias muito estáveis quimicamente que ficam na atmosfera por muitos anos. Outros agentes dessa destruição são os óxidos de nitrogênio, as erupções vulcânicas e o gás halon, utilizado em sistemas de proteção contra incêndio. Ainda podemos citar o brometo de metila, o tetracloreto de carbono e o metilclorofórmio como substâncias que contribuem para a redução da camada de ozônio. Os clorofluorcarbonos são usados como gases refrigerantes em geladeiras, freezers, ar condicionados e afins. Outras formas de uso incluem a produção de espuma, que age como agente expansor, agente de limpeza de dispositivos eletrônicos e propelente de aerossóis. No Brasil, o uso dos clorofluorcarbonos como propelente de aerossóis foi proibido pelo Ministério da Saúde em 1989, com exceção em casos de usos medicinais. A camada de ozônio é um filtro natural para as radiações ultravioletas do sol. Portanto, ela protege o planeta de níveis indesejáveis dessa radiação.
  • Raios ultravioletas em excesso têm como efeito: maior incidência de catarata e doenças de pele, como câncer; queimaduras e envelhecimento precoce da pele pela sua degeneração elástica; prejuízos ao sistema imunológico; redução da camada de gordura com aumento das infecções por fungos e bactérias; efeitos negativos à vegetação, trazendo impactos à agricultura; redução da fotossíntese do fitoplâncton, com consequente redução do seu crescimento, e o aumento da concentração de dióxido de carbônico na atmosfera, contribuindo de forma indireta para o efeito estufa.
  • Sua concentração no início do século XX era de 290 ppm e atingiu no final do mesmo século 365 ppm. Sua principal fonte de emissão é a queima de combustíveis fósseis e orgânicos. Óxido nitroso e metano são emitidos por atividades agrícolas e alterações no uso do solo, entre outras fontes.
POLUIÇÃO DA ÁGUA
  • O conceito de poluição da água está associado à sua utilização e à sua qualidade. Logo, podemos definir poluição da água, de forma simples e abrangente, como as modificações nas suas propriedades biológicas, físicas e químicas que podem prejudicar sua utilização preestabelecida. Dizemos preestabelecida, pois toda a água disponível está associada a uma forma de uso que deve ser compatível com a sua qualidade.
Classificação das águas
  • No Brasil, a Resolução do Conama nº 357 introduziu uma nova classificação para as águas doces, salinas e salobras no país, dividindo-as em 13 classes.
  • Águas doces são águas destinadas: ao abastecimento para o consumo da humanidade, com tratamento e desinfecção; à preservação do equilíbrio da natureza dos ecossistemas aquáticos; à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de proteção e conservação total.
    • Classe 1 – águas que podem ser destinadas:
      • ao abastecimento para o consumo da população após um tratamento simples;
      • à proteção dos ecossistemas aquáticos;
      • à recreação de contato primário – podemos citar como exemplo esqui aquático, natação e mergulho, segundo a Resolução do Conama nº 274.
      • à irrigação de hortas que produzam verduras que são ingeridas cruas ou de frutas que nascem rentes ao solo e também sejam consumidas cruas sem remoção de película;
      • à proteção dos ecossistemas aquáticos em território indígena.
    • Classe 2 – águas que podem ser destinadas:
      • ao abastecimento para o consumo da população após um tratamento convencional;
      • à proteção dos ecossistemas aquáticos;
      • à recreação de contato primário – podemos citar como exemplo esqui aquático, natação e mergulho, segundo a Resolução do Conama nº 274;
      • à irrigação de hortas que produzam verduras, árvores frutíferas e de parques, jardins, campos para esporte e lazer em que o público possa ter contato direto com a água;
      • à aquicultura e possível atividade de pesca.
    • Classe 3 – águas que podem ser destinadas:
      • ao abastecimento para o consumo da população após um tratamento convencional ou avançado;
      • à irrigação de árvores, culturas de cereais e forrageiras;
      • à pesca praticada por amadores;
      • à recreação com contato secundário à água;
      • a matar a sede de animais.
    • Classe 4 – águas que podem ser destinadas:
      • à atividade de navegação;
      • a projetos paisagísticos.
  • Águas salinas são águas destinadas: à preservação dos ecossistemas aquáticos em unidades de proteção e conservação total; à preservação do equilíbrio da natureza das comunidades aquáticas.
    • Classe 1 – águas que podem ser destinadas:
      • à recreação de contato primário, segundo a Resolução do Conama nº 274.
      • à proteção dos ecossistemas aquáticos;
      • à aquicultura e possível atividade de pesca.
    • Classe 2 – águas que podem ser destinadas:
      • à atividade de pesca amadora;
      • a atividades de recreação de contato secundário.
    • Classe 3 – águas que podem ser destinadas:
      • a) à atividade de navegação.
      • b) a projetos paisagísticos.
  • Águas salobras são águas destinadas: à preservação do equilíbrio natural dos ecossistemas aquáticos em unidades de proteção e preservação total; à preservação do equilíbrio da natureza dos ecossistemas aquáticos.
    • Classe 1 – águas que podem ser destinadas:
      • à recreação de contato primário, segundo a Resolução do Conama nº 274.
      • à proteção dos ecossistemas aquáticos;
      • à aquicultura e possível atividade de pesca;
      • ao abastecimento para o consumo da população após um tratamento convencional ou avançado;
      • à irrigação de hortas que produzam verduras que possam ser ingeridas cruas ou frutas que nascem rentes ao solo e possam ser consumidas sem a retirada da casca; irrigação de parques, jardins, campos para esporte e lazer em que o público possa ter contato direto com a água.
    • Classe 2 – águas que podem ser destinadas:
      • à atividade de pesca amadora;
      • a atividades de recreação de contato secundário.
    • Classe 3 – águas que podem ser destinadas:
      • à atividade de navegação.
      • a projetos paisagísticos.
  • Para cada uma dessas classes são determinados vários indicadores de qualidade, como biológicos, físicos e químicos e seus valores, que devem sem respeitados para garantir a utilização preestabelecida das águas.
Usos da água e fontes de poluição
  • O uso da água, tanto para as necessidades da população quanto para a preservação da vida, pode ser separado em grupos como abastecimento urbano, industrial, atividade de agricultura e criação de animais, incluindo a irrigação, preservação da flora e da fauna aquática, recreação, geração de energia, navegação e transporte e diluição de efluentes.
Abastecimento público
  • É a utilização mais nobre da água: para beber, limpeza de utensílios, higiene pessoal, lavagem de roupas, banheiros e pisos, irrigação de jardins, cozimento de alimentos, combate a incêndios, entre outros. O uso da água para abastecimento da sociedade está entre 8 e 13% em função do desenvolvimento social de um país.
  • Esse sistema de abastecimento envolve captação e tratamento, estocagem e distribuição, que são etapas geralmente executadas pelas prefeituras dos municípios ou concessionárias de águas e esgotos.
Abastecimento industrial
  • A indústria pode utilizar água em diferentes situações de produção: composição dos produtos, para lavagem de matérias-primas, refrigeração de equipamentos, para produção de vapor, lavagem de caldeiras, lavagem de equipamentos e de pisos em áreas de produção, reações químicas, higiene dos funcionários, combate a incêndios, entre outros. Em cada atividade a água deve respeitar padrões de qualidade para atender às exigências do uso.
  • Em países desenvolvidos, 60% da água é utilizada em atividades industriais. Em países em desenvolvimento, tidos como de baixa renda, apenas 10% da água é utilizada em atividade industrial.
Atividades de agropecuárias
  • A principal utilização da água é para irrigação de hortaliças e lavouras de grande porte, nas quais se consome grande quantidade de água, e na dessedentação de animais. A irrigação é a maior fonte consumidora de água no mundo, chegando a 82% do consumo em países em desenvolvimento, e em países desenvolvidos esse percentual chega a 30%.
  • No Brasil, nem toda água utilizada na irrigação possui registro, ficando difícil a quantificação. O principal problema da água de irrigação é que parte dela não retorna ao corpo d’água original, havendo redução da disponibilidade hídrica do manancial. Devemos levar em consideração que a água de retorno da irrigação possui qualidade inferior à água captada devido ao carregamento de solo, agrotóxicos e fertilizantes que modificam a qualidade da água do manancial.
Recreação
  • A utilização da água nessa categoria pode envolver duas situações: quando existe um contato direto, como no caso do mergulho, esqui aquático e natação, ou quando não existe contato, como no caso dos esportes náuticos que exigem o uso de barcos – por exemplo, a pesca esportiva. Sabemos que a qualidade da água está relacionada à presença de microrganismos patogênicos que provocam prejuízos à saúde humana. A utilização de água para projetos paisagísticos também se insere nesse contexto.
Geração de energia elétrica
  • A utilização da água para geração de corrente elétrica é muito desenvolvida em nosso País, uma vez que ocupamos o terceiro lugar na produção de energia hidrelétrica (perdemos apenas para o Canadá e os Estados Unidos), com 10% da produção mundial. O uso da água para produção de energia elétrica não altera a qualidade da água, mas modifica o ambiente e a vida aquática com a construção de represas.
Navegação
  • Esse é um tipo de utilização da água que vem aumentando ao longo dos anos no Brasil, principalmente após a construção das barragens para geração de energia elétrica.
  • A hidrovia Paraná-Tietê possui aproximadamente 2.400 km de trechos navegáveis, por exemplo.
Transporte e diluição de efluentes
  • É a utilização menos nobre. No entanto, é uma das mais usadas pela humanidade. É dos rios que se retira a maior parte da água para o consumo da população e para outras aplicações nobres.
  • Nesses mesmos rios, a humanidade despeja seus efluentes poluídos, de origem industrial ou doméstica. Por isso, a forma como os efluentes são tratados e a maneira como são dispostos no meio ambiente são importantes e podem prejudicar o uso das águas receptoras.
  • As fontes de poluição das águas podem ser dividas em: poluição causada por esgoto doméstico, poluição causada por efluentes industriais, poluição natural e poluição causada por drenagem de áreas urbanas e agrícolas.
  • O excesso de nutrientes nas águas provoca a eutrofização, isto é, a multiplicação excessiva de algas que, quando entram em decomposição, aumentam a quantidade de microrganismos presentes, provocando a deterioração do meio.
  • A poluição devida aos esgotos domésticos provoca alteração das características biológicas, físicas e químicas dos corpos d’água. Essa alteração depende do grau de tratamento do esgoto ou do nível de diluição proporcionado pelo corpo receptor. Nos esgotos domésticos de uma cidade, além da porção residencial, podem ser englobados ainda os esgotos provenientes das seguintes atividades: lavanderias, açougue, postos de combustíveis, supermercados, padarias, farmácias, laboratórios, oficinas mecânicas, restaurantes, lava-rápido, consultórios, hospitais e outras atividades. Ainda podemos citar as indústrias de pequeno porte, que além de gerar esgoto sanitário, geram esgoto característico daquela atividade. As atividades industriais geram efluentes com características qualitativas e quantitativas bastantes diversificadas.
Efeitos da poluição das águas
  • O lançamento dos efluentes líquidos, tratados ou não nos corpos d’água, provoca modificações em suas características biológicas, físicas e químicas.
  • Essas modificações poderão ser ou não representativas para os usos a que as águas do corpo receptor se destinam, dependendo da intensidade da carga de poluentes lançada. Alguns efeitos na qualidade das águas para os diversos usos serão estudados a seguir. Os efeitos do abastecimento público envolvem a contaminação microbiológica: os esgotos domésticos contêm microrganismos patogênicos, como protozoários, vírus e bactérias, que causam doenças de veiculação hídrica. Essas doenças podem ser adquiridas a partir da ingestão de água contaminada.
  • As variações rápidas e imprevisíveis na qualidade das águas do manancial são um dos principais problemas que interferem na qualidade das águas de abastecimento público, notadamente em pequenas comunidades.
  • As atividades de origem industrial ou agropecuária podem acarretar lançamentos imprevistos de poluentes nas águas localizadas à montante de uma captação para o abastecimento público que as unidades da Estação de Tratamento de Água (ETA) não têm capacidade de remover. Podemos citar como exemplo os poluentes: agrotóxicos, corantes, metais pesados, entre outros, que podem prejudicar a qualidade da água tratada e colocar em risco a saúde da população abastecida. O lançamento de esgotos domésticos pode proporcionar o crescimento excessivo de algas em um reservatório.
Rede de monitoramento de qualidade de água
  • Uma rede de monitoramento de qualidade de água é constituída pelos seguintes elementos:
    • Pontos de coleta, denominados estações de monitoramento, definidos em função dos objetivos da rede e identificados pelas coordenadas geográficas.
    • Conjunto de instrumentos utilizados na determinação de parâmetros em campo e em laboratório.
    • Conjunto de equipamentos utilizados na coleta: baldes; amostradores em profundidade (garrafa de Van Dorn); corda; frascos, caixa térmica, veículos; barcos; e motores de popa.
    • Protocolos para a determinação de parâmetros em campo; para a coleta e preservação das amostras, para análise laboratorial dos parâmetros de qualidade; e para identificação das amostras.
    • Estrutura logística de envio das amostras: locais para o envio das amostras; disponibilidade de transporte; logística de recebimento e encaminhamento das amostras para laboratório.
  • A crescente urbanização e a concentração demográfica nos grandes centros populacionais têm contribuído de forma crescente para deterioração da qualidade das águas dos corpos receptores. Paralelamente à redução da qualidade, as demandas urbanas por água crescem proporcionalmente à população, impondo a necessidade de se buscar água cada vez mais longe, algumas vezes em outras bacias.
  • Tendo em vista a necessidade de estabelecer um equilíbrio sustentável entre o necessário desenvolvimento econômico e demográfico e a disponibilidade hídrica em quantidade e qualidade, que contemple os diversos usos da água, é fundamental o estabelecimento de um programa de monitoramento hídrico quali-quantitativo que forneça subsídios para a avaliação das condições dos mananciais e para a tomada de decisões associada ao gerenciamento dos recursos hídricos.
Água Subterrânea e Aquíferos
  • A água subterrânea é a parcela da água que permanece no subsolo, onde flui lentamente até descarregar em corpos de água de superfície, ser interceptada por raízes de plantas ou ser extraída em poços. Tem papel essencial na manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos.
  • A água subterrânea é também responsável pelo fluxo de base dos rios, sendo responsável pela sua perenização durante os períodos de estiagem. Essa contribuição em todo o mundo é da ordem de 13.000 km3/ano (World Resources Institute, 1991 in Rebouças, 1999), quase 1/3 da descarga dos rios.
  • Em determinadas áreas, como regiões áridas e certas ilhas, a água subterrânea pode ser o único recurso hídrico disponível para uso humano. Geralmente ela dispensa tratamento, economizando na execução de grandes obras como barragens e adutoras. Mais da metade da população do mundo depende da água subterrânea para suprimento de suas necessidades de água potável.
  • As águas subterrâneas estão contidas nos solos e formações geológicas permeáveis denominadas aquíferos. Existem três tipos primários de aquíferos:
Aquífero poroso
  • Aquele no qual a água circula nos poros dos solos e grãos constituintes das rochas sedimentares ou sedimentos;
Aquífero cárstico
  • Aquele no qual a água circula pelas aberturas ou cavidades causadas pela dissolução de rochas, principalmente nos calcários;
Aquífero fissural
  • Aquele no qual a água circula pelas fraturas, fendas e falhas nas rochas.
Aquíferos Livres e Confinados
  • As formações geológicas portadoras de água superpostas por camadas impermeáveis são denominadas aquíferos confinados. O seu reabastecimento ou recarga, através das chuvas, dá-se somente nos locais onde a formação aflora à superfície. Neles o nível hidrostático encontra-se sob pressão, causando artesianismo nos poços que captam suas águas. Já os aquíferos livres são aqueles constituídos por formações geológicas superficiais, totalmente aflorantes, portanto com a recarga no próprio local, em toda a extensão da formação. Os aquíferos livres têm a chamada recarga direta e os aquíferos confinados, a recarga indireta.
Funções dos Aquíferos
  • Além da função de produção, os aquíferos podem cumprir algumas outras funções, como:
Função estocagem e regularização
  • Corresponde à utilização do aquífero para estocar excedentes de água que ocorrem durante as enchentes dos rios, correspondentes à capacidade máxima das estações de tratamento durante os períodos de demanda baixa, ou referentes ao reuso de efluentes domésticos e/ou industriais. Esses volumes infiltrados serão bombeados durante as picos sazonais de demanda durante períodos de escassez ou situações de emergência resultantes de acidentes naturais como avalanches, enchentes e outros tipos de acidentes que reduzem a capacidade do sistema básico de água da metrópole.
Função filtro
  • Corresponde à utilização da capacidade filtrante e de depuração biogeoquímica do maciço natural permeável. Para isso são implantados poços a distâncias adequadas de rios perenes, lagoas, lagos ou reservatórios, para extrair água naturalmente clarificada e purificada, reduzindo substancialmente os custos dos processos convencionais de tratamento.
A Gestão Sustentável da Água
  • A água é um dos recursos naturais mais importantes, cuja utilização deve ser feita de maneira a não comprometer a disponibilidade para as gerações futuras. Sua disponibilidade é hoje limitada não apenas quanto à quantidade mas também pela qualidade. Um dos maiores desafios atuais para o desenvolvimento sustentável será minimizar os efeitos da escassez permanente ou sazonal e da poluição da água. A água para a conservação dos ecossistemas também deverá receber mais atenção como tema sócio-político.
  • Será imprescindível que os novos projetos para atender a demanda sejam concebidos dentro de uma perspectiva de sustentabilidade econômica, social e ambiental. A solução vai exigir tanto a exploração cuidadosa de novas fontes, quanto medidas para estimular o uso mais eficiente da água.
  • Para enfrentar os desafios da escassez e da poluição, a grande ferramenta será a gestão do suprimento e da demanda de água. A gestão do suprimento significa a adoção de políticas e ações relativas à quantidade e qualidade da água desde sua captação até o sistema de distribuição. A perspectiva de suprimento a partir de águas de superfície vem se tornando cada dia mais difícil, em virtude do crescimento dos custos de construção, devido às distâncias cada vez maiores dessas fontes, exigindo obras de grande porte e complexidade, além de acirrada oposição dos ambientalistas. A gestão da demanda trata do uso eficiente e de ações para evitar o desperdício. Dessa forma além de medidas para reduzir o índice elevado de perdas nas redes públicas, mas também a adoção de práticas e técnicas mais racionais de uso, a exemplo da irrigação por gotejamento na agricultura.
O Papel Estratégico das Águas Subterrâneas
  • Perfazendo 97,5% da água doce acessível pelos meios tecnológicos atuais, com um volume de 10,53 milhões de km³, armazenado até 4.000 metros de profundidade as águas subterrâneas tornam-se estratégicas para a humanidade. Além de mais protegidas contra a poluição e os efeitos da sazonalidade, apresentam em geral boa qualidade, decorrente do “tratamento” obtido da sua percolação no solo e subsolo. Seu aproveitamento tem se revelado uma alternativa mais econômica, evitando custos crescentes com represas e adutoras e dispensando tratamento, na maioria dos casos.
POLUIÇÃO DO SOLO
  • Podemos definir o solo como uma porção da superfície do planeta, chão ou parte inconsolidada do manto de intemperismo que contém material orgânico e vida na forma de bactérias que tornam possíveis o desenvolvimento de plantas. O solo formado naturalmente na porção superficial da crosta terrestre possui uma espessura que pode variar e que contém vários tipos de estruturas. Essas características resultam da interação dos processos biológicos, físicos e químicos promovidos pela exposição aos fatores climáticos juntamente com outros fatores, como o tempo.
  • O solo pode desempenhar funções fundamentais e diversas:
    • Substrato imprescindível à vida terrestre;
    • Fator de controle natural dos ciclos de energia e elementos dos ecossistemas;
    • Filtro bioquímico essencial nas trocas entre a litosfera e a atmosfera; • um enorme reservatório natural de água doce;
    • Substrato essencial para produção de matérias-primas e alimentos;
    • Substrato essencial à vida humana e animal.
  • O solo é muito importante para o controle do armazenamento, da distribuição, da infiltração da água da chuva e do escoamento da água utilizada nas irrigações. Formando um reservatório de nutrientes, tem grande importância na ciclagem de plantas e outros seres vivos, além dos elementos minerais vitais.
  • Essas características permitem a produção da biomassa, função biológica do solo, que também interage com o ambiente atmosférico quando a matéria orgânica estoca dióxido de carbono produzido em várias fontes diferentes.
  • A interação dos processos biológicos, físicos e químicos é de essencial importância para a formação do solo. Através da integração dos materiais minerais e orgânicos da litosfera, da hidrosfera, da atmosfera e da biosfera surge o solo. São agregados dois processos muitos importantes: a modificação da camada matriz, ou rocha-mãe, do material original e a contribuição do material orgânico dos seres vivos.
  • Na dinâmica do mecanismo da formação dos solos em processos de fragmentação de natureza físico-química e decomposição das rochas, além do transporte, da sedimentação e da evolução pedogênica, o processo de alteração das rochas é dependente de sua natureza química e estrutural, das intensidades e variações de temperatura, da atividade dos seres vivos e do tipo declive.
  • Entre as modificações, podemos citar:
    • Desagregação por fenômenos físicos, como fissuras, dilatação, penetração de raízes e estilhaçamentos;
    • Decomposição decorrente de fenômenos químicos, como hidrólise nas rochas silicosas e ação corrosiva de certos vegetais e dissolução de rochas calcárias pela água contendo CO2 .
Usos do solo e consequências
  • O solo é o ecossistema que serve de apoio ou fixação como fonte de nutrição dos vegetais e de sobrevivência dos animais deles dependentes e que reserva em suas camadas mais profundas água e combustíveis fósseis. Pode servir a vários usos, entre os quais a disposição de resíduos resultantes da atividade humana.
  • O solo, desde o surgimento da humanidade, tem sido ocupado por agregados tribais, exageradas aglomerações de pessoas em zonas urbanas, instalações de polos e complexos industriais; em menor escala, manteve preservadas as reservas florestais, estações ecológicas e áreas de proteção ambiental, entre outras.
  • Quanto ao uso do solo, podemos ressaltar a agricultura, a pecuária e o extrativismo de minérios ou produtos diversos usados como matéria-prima em muitos processos industriais, como água ou mesmo gás. Entretanto, o solo tem sido também usado para receber e albergar resíduos e dejetos, alguns dos quais tóxicos, provenientes da realização das próprias funções fisiológicas da humanidade, assim como os resíduos gerados na tecnologia e atividade fabril, na agricultura e pecuária ou na aplicação no controle e combate de moléstias endêmicas.
  • As cidades são ambientes com o solo impermeabilizado, que trazem como consequência modificações irremediáveis dos aquíferos e dos lençóis freáticos, reduzindo a possibilidade de infiltração de águas, impedindo o completo ciclo hidrológico e influenciando o clima. Estimativas indicam que as infiltrações superficiais e profundas do total da água que se precipita em um terreno podem ser reduzidas de 25% para 10% e de 25% para 5%, quando se remove de 75 a 100% da cobertura vegetal natural do solo.
  • Nessas condições, a evapotranspiração também pode ser alterada, passando de 40% para somente 10%, aumentando a quantidade de água que escorre pela superfície, a qual ascende de 10% para 55%. A movimentação de meios de transporte e as atividades urbanas, como edifícios, comércio, escolas e serviços de saúde, geram resíduos sólidos, líquidos e gasosos que também trazem impactos negativos ao solo. As cidades envolvem problemas relacionados aos aspectos culturais influentes na relação ambiente físico-humanidade.
  • Estima-se que até 2025, 61% da população estará vivendo em grandes cidades. Os custos para o fornecimento de água potável e de remoção e tratamento de esgotos custarão cada vez mais, e as soluções mais modernas para esses problemas, como a incineração, reciclagem e demais atividades envolvidas, podem custar cerca de 10 vezes mais que os processos utilizados atualmente, por exemplo, os aterros sanitários.
  • O solo pode ser utilizado para disposição de resíduos. A implantação de pólos, complexos e zonas industriais, que geram produtos ou energia, propiciam o surgimento de resíduos, escórias e subprodutos. Estes podem ser reciclados no próprio processamento ou em outros setores; contudo, às vezes, podem não encontrar aceitação no mercado ou ser simplesmente lançados no ambiente.
  • Além das fontes de poluição naturais, como aquelas dependentes da própria formação do solo ou resultantes de calamidades, como vendavais, terremotos, enchentes etc., as fontes de contaminação e poluição geradas pela atividade antropogênica podem ser resultantes de atividade agropastoris e extrativistas, bem como de acidentes de transporte de caminhões, trens, vazamentos de oleodutos e gasodutos.
  • Os poluentes gerados nos processos industriais, quando sólidos, são classificados conforme suas características e sua periculosidade, estando sujeitas a normas, legislação e regulamentos pertinentes.
  • Estima-se que um grama de fezes pode conter em média 10 milhões de vírus, 1 milhão de bactérias, mil cistos de parasitas e 100 ovos de parasitas. Sendo assim, a possível presença desses seres no solo pode trazer sérias consequências ao ser humano.
  • Vários fatores podem influenciar o transporte desses microrganismos no solo. Os vírus e as bactérias são facilmente adsorvidos pela argila: sob condições apropriadas, quanto maior o teor de argila no solo, juntamente com outras condições, maior a sua capacidade de atenuar a presença desses seres patogênicos.
  • O material orgânico compete com os microrganismos na ocupação de sítios de adsorção nas partículas do solo. Resultante desse fato, está a menor capacidade de adsorção dos vírus, inclusive podendo provocar a desadsorção. O pH favorece a adsorção dos vírus, enquanto solos com pH básico propiciam a desadsorção dos microrganismos adsorvidos.
A poluição do solo e o lixo
  • O lixo doméstico, se lançado a céu aberto em rios, lixões e vazedouros, encostas de montanhas, entre outros, constitui via de acesso de agentes patogênicos para a humanidade. As formas de contato podem ser diretas, quando o indivíduo entra em contato com os resíduos. Esse contato pode ser ainda indireto por meio do transporte pelos insetos, suínos, roedores e aves que agem como vetores dos agentes etiológicos.
  • A cobertura ou o tipo de recobrimento vegetal é muito importante para a manutenção e não apenas para o equilíbrio ecológico do solo, sendo em grande parte responsável pela biodiversidade, mas também por evitar processos de erosão, deslizamentos, lixiviação, entre outros.
  • Nos processos agrícolas existem diversas implicações relacionadas ao desmatamento. O insucesso das culturas pode ocorrer devido à alteração na ciclagem dos nutrientes e à destruição dos húmus, deixando as plantações vulneráveis e promovendo a germinação de ervas daninhas e o aparecimento de pragas.
O solo e as queimadas
  • As queimadas da Amazônia provocam a incapacidade do solo para sustentar atividades agrícolas contínuas por períodos que sejam superiores a cinco anos, em média. Existe ainda a possibilidade de as cinzas formadas, que são uma rica fonte de nutrientes minerais, serem carregadas aos corpos d’água subterrâneos e superficiais pela lixiviação e percolação, ou serem transportadas e deslocadas pelas próprias correntes aéreas. O desbaste da vegetação modifica o ecossistema intacto ou preservado.
  • Os ecossistemas degradados e agrícolas levam à destruição de hábitats e nichos, selecionando o meio de tal forma que várias espécies herbívoras, carnívoras, predadores ou ainda que exercitem o pastoreio acabem desaparecendo, deslocando-se para outras regiões ou mesmo entrando em processo de extinção. Nas áreas agrícolas, as populações selecionadas, adaptadas à determinado tipo de cultura, um meio homogêneo, tornam-se conhecidas como pragas. Elas representam o predomínio de uma determinada população sobre outras quando o meio está com uma baixa biodiversidade.
  • Quanto à ocupação de terras, as estatísticas demonstram que, em 1975, quando a população mundial era de 4 bilhões de habitantes, havia 0,31 hectares de terra para cada ser humano. Até o ano de 2025, estima-se que a população do planeta atingirá 8 bilhões de pessoas e a disponibilidade de terra cultivada será de 0,2 hectares/habitante.
Agrotóxicos
  • No solo, os agrotóxicos podem ter diversos destinos:
    • Sofrer uma detoxificação ao ser translocado ou absorvido pela planta;
    • Sofrer fotodecomposição;
    • Contaminar águas superficiais ou subterrâneas;
    • Sofrer processos de volatilização ou uma decomposição química;
    • Ser exudado pelos vegetais;
    • Sofrer degradação biológica; ser percolado ou ainda lixiviado.
  • Episódios agudos ou crônicos devido a aplicações massivas de organoclorados, como o dicloro difenil-ticloroetano (DDT) e outros, que atualmente são proibidos pela legislação federal, ainda têm sido relatados. No entanto, esses compostos ainda são usados no combate a doenças endêmicas, como chagas, dengue e malária, deixando um residual que, dependendo do tipo de solo, pode manter sua toxidade por mais de 30 anos.
  • Na agricultura, são usados os organofosforados, que ao contrário de muitos tóxicos, têm rápida solubilização. Estudos realizados em lavouras de algodão mostraram uma influência negativa dos defensivos organoclorados e fosforados na saúde humana, o acúmulo na cadeia alimentar e no solo e rebatimentos na própria cultura algodoeira.
  • Os fertilizantes ou adubos naturais e sintéticos possuem em sua composição pelo menos os nutrientes básicos, como fósforo, nitrogênio e potássio, e são aplicados quando existe um desequilíbrio em suas disponibilidades, especialmente nas áreas agrícolas.
  • Ocorrem também reações químicas adversas entre os componentes da mistura, desaparecendo um dos elementos formadores e reduzindo, ou mesmo impedindo, a salubridade. Infelizmente, estudos mostraram que alguns fertilizantes comerciais possuem impurezas como arsênio, cádmio, cobalto, cromo, chumbo, cobre, níquel, selênio, zinco e vanádio. Esses elementos podem causar prejuízos à saúde da humanidade e das plantas a curto, médio e longo prazo devido aos efeitos sinérgicos ou antagônicos, além de serem bioacumulativos, afetando a cadeia alimentar e a saúde por toxicidade.

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