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terça-feira, 14 de janeiro de 2020

A RECUPERAÇÃO AMBIENTAL E OS BENEFÍCIOS PARA O MEIO AMBIENTE

  • A intensificação das atividades agropecuárias, de mineração e extração de recursos naturais tem provocado a degradação dos ecossistemas e da biodiversidade. Além destes impactos ambientais, o problema também traz consequências econômicas e sociais, o que levou à criação de estratégias de conservação e recuperação ambiental, aplicadas nas áreas afetadas pela exploração exaustiva dos recursos.
  • Independente da atividade desenvolvida considera-se como degradadas áreas que apresentam uma das seguintes características: erosão, ausência de cobertura vegetal, superfície espelhada, presença de lixo, camada de solo fértil removida, entre outros. Identificadas as necessidades específicas para a recuperação de cada local, são aplicadas técnicas – incluindo correções físicas e químicas – que proporcionam o restabelecimento e a recomposição da vegetação original.
  • São três as técnicas mais utilizadas no processo de recuperação ambiental: a regeneração natural, em que não é feito nenhum tipo de intervenção, deixando a área livre para que se desenvolva naturalmente; o plantio por sementes e o plantio de mudas, essa última com alto nível de sucesso, sendo a mais utilizada.
  • Em propriedades privadas, a conservação de áreas com vegetação natural é uma exigência estabelecida pelo Código Florestal, através da criação das chamadas “reservas legais”. Estes locais – com extensão equivalente a 20% da área total – devem ser preservados e explorados apenas com manejo sustentável. Apesar da importância ambiental desta determinação, criada em 1965, ela ainda hoje é motivo de discussão entre proprietários, governo e ambientalistas.
  • Além da aplicação de técnicas que beneficiam a recuperação do meio ambiente, a conservação de áreas naturais também exige a imposição de limites à ação humana. As implicações e limitações às atividades desenvolvidas em cada região são necessárias para evitar um novo desgaste ou esgotamento dos recursos.
Recuperação e restauração de áreas degradadas
  • Devido ao crescimento populacional, industrial e agrícola acontece também um aumento na demanda por recursos naturais. Dessa forma a diversidade ecológica sofre constante redução e ameaças. Especialmente no Brasil, que é um país mega diverso, devemos nos manter conscientes da forma como os recursos vêm sendo administrados, empregando, sempre que possível, métodos sustentáveis e ambientalmente equilibrados de produção e consumo.
  • O ensino da Conservação é um dos passos necessários para a conscientização e correção de problemas ambientais.
  • Quando o assunto é áreas degradadas, a terminologia utilizada é bastante variada, afinal: as áreas florestais degradadas devem ser RECUPERADAS ou RESTAURADAS?
  • De modo geral, ambas sugerem a recomposição de um ambiente degradado, as especificidades dependem do objetivo que o projeto pretende alcançar. Na RECUPERAÇÃO busca-se recuperar a função da vegetação naquele ambiente, como por exemplo, evitar a erosão do solo, regular processos biogeoquímicos (ciclo da água, carbono, nitrogênio), sem necessariamente levar em consideração a composição florística, ou seja, as espécies que irão compor o ambiente.
  • Já quando o interesse é a RESTAURAÇÃO, então o trabalho é voltado ao restabelecimento dos processos naturais que possibilitarão que a vegetação retorne ao mais próximo possível da sua condição original (antes de ter sofrido qualquer interferência humana). Nesse caso, é requerido o uso exclusivo de espécies nativas, já que a função é manter a singularidade deste ambiente.
  • Por mais que os termos, eventualmente, sejam empregados sem precaução eles representam ideias bastante diferentes. E, sem dúvidas, a restauração de áreas degradadas é muito mais interessante do ponto de vista da conservação da biodiversidade, pois além de fornecer benefícios físicos para a região florestada ainda contribui na preservação da diversidade tanto florestal quanto da fauna que utiliza as espécies nativas como fonte de alimentos e refúgio.
A recuperação de áreas degradadas
  • Áreas degradadas são aquelas que contam com ecossistemas danificados, transformados ou inteiramente destruídos pela ação humana e o dever de recuperá-las está previsto na Constituição Federal.
  • Devido às atividades de mineração, desmatamento e disposição de resíduos, as áreas degradadas contam com a presença de processos erosivos, ausência e diminuição de cobertura vegetal e dificuldade no reestabelecimento de um equilíbrio sistêmico.
  • Dependendo do grau em que a área foi afetada, é possível empregar diversas técnicas de recuperação que possibilitam sua regeneração.
  • A recuperação de uma área degradada tem por objetivo permitir que o espaço danificado volte a contar com recursos bióticos e abióticos suficientes para que se mantenha em equilíbrio. Ela deve prever a sua nova utilização em consonância com um plano de uso do solo preestabelecido. Tal plano de recuperação deve ter como princípios o uso sustentável dos recursos naturais e a preservação dos ecossistemas como diretrizes para a recuperação.
  • Dependendo do nível de degradação, a área pode sofrer uma restauração visando o retorno a um estado intermediário estável. A área também pode passar por uma reabilitação, na qual sofre um retorno ao estado intermediário das condições da vegetação. Por fim, poderá sofrer uma redestinação ou redefinição, quando a presença humana é necessária para auxiliar o processo de restauração.
  • Para promover o processo de recuperação primeiramente é preciso identificar o local e o tipo de ecossistema a ser restaurado. É necessário também identificar o agente causador da degradação e se existe a necessidade de intervenções indiretas para a restauração. Para a recuperação são empregadas diversas técnicas que serão aplicadas de acordo com as condições da área degradada.
Tipos de recuperação
  1. Condução da Regeneração Natural
    1. De acordo com o nível de degradação é possível que uma área se regenere naturalmente. No entanto, para que isso ocorra é necessário superar algumas barreiras que podem prejudicar o processo de regeneração, tais como: ausência de sementes para a colonização do local, falha no desenvolvimento de mudas jovens, falta de simbiontes, polinizadores, dispersadores, entre outros.
    2. Este método vem sendo amplamente indicado no caso de recuperação de áreas de preservação permanente.
  2. Plantio por sementes
    1. O plantio de sementes é outra técnica de regeneração. Para que seja bem sucedida, é preciso que seja empregada sob condições mínimas que permitam o processo de regeneração, favorecendo o recrutamento de embriões vegetais e permitindo a substituição de simbiontes e polinizadores faltantes.
  3. Plantio de mudas
    1. O plantio de mudas é uma das técnicas mais onerosas, do ponto de vista financeiro, porém uma das mais efetivas para regenerar uma área degradada. O plantio de mudas nativas, em geral, apresenta índices de alto crescimento, após 2 anos, em geral, a área já se encontra restabelecida e em equilíbrio.
O papel do gestor ambiental na recuperação
  • O gestor ambiental é um profissional que reúne tanto conhecimentos técnicos quanto habilidades para coordenação de projetos ambientais. Assim, no que se refere à recuperação de áreas degradadas, sua expertise se torna essencial, na medida em que é capaz de avaliar a regeneração da área, bem como gerenciar ações a serem tomadas junto a outros profissionais.
  • Com as diretrizes impostas pelo Novo Código Florestal, as áreas ambientalmente protegidas demandam uma atenção em especial no que se refere aos casos de regeneração, em especial as áreas de reserva legal e áreas de preservação permanente.
Origens da degradação ambiental
  • A degradação pode ser fruto de:
    • Mineração;
    • Uso intensivo do solo para fins agropecuários (herbicidas, salinização do solo, superpastejo, etc);
    • Queimadas consecutivas;
    • Desmatamento.
Características de uma área degradada
  • Menor diversidade de espécies
  • Ausência de estrutura vegetal
  • Ausência de solo
  • Baixíssima ou ausente capacidade de regeneração natural
Características de uma Área conservada
  • Maior diversidade de espécies
  • Maior estrutura vegetal e animal
  • Presença de solo
  • Alta capacidade de recuperação natural
  • A recuperação de áreas degradadas tem por objetivo fornecer ao ambiente degradado, condições favoráveis a reestruturação da vida num ambiente que não tem condições físicas, químicas e/ou biológicas de se regenerar por si só. Através de obras no terreno como a construção de terraços, banquetas, etc., ou ainda, da implantação de espécies vegetais, podemos conduzir a recuperação de uma área degradada.
Poluição e degradação ambiental
  • No meio urbano, o simples fato da maior parte das áreas serem desflorestadas já constitui um sério problema ambiental. No entanto, as cidades acumulam inúmeros outros problemas ambientais. Os veículos movidos a combustíveis fósseis lançam no ar toneladas de partículas poluentes, que prejudicam o funcionamento de todos os ambientes próximos, além de serem a causa de diversos problemas de saúde para o ser humano.
  • Outra conseqüência do uso de combustíveis fósseis é a formação de ácidos, a partir dos óxidos de carbono e enxofre, que resultam nas chuvas ácidas. Esse fenômeno altera de forma negativa os ecossistemas aquáticos, prejudicando a agricultura e as florestas.
  • A questão dos lixões e o esgotamento dos Aterros Sanitários é um sério problema para todos os municípios. A preocupação com o destino desses resíduos vem crescendo: ao invés de causar prejuízos sociais e ambientais o lixo pode gerar lucro. A criação de cooperativas de “catadores de lixo”, é um exemplo de solução que associa o sustento econômico de muitas famílias à preservação ambiental.
  • Outro sério problema nos centros urbanos é o lançamento de esgotos domésticos e industriais considerados a principal forma de poluição das águas. A advertência dos ecólogos sobre a necessidade de tratamento adequado também não é recente. Porém, mesmo nos países ricos, a recuperação de rios começou a acontecer nos últimos anos, sendo que ainda há muito que se fazer. As indústrias lançam nas águas, diariamente, toneladas de substâncias que não podem ser decompostas por processos naturais, e que conseqüentemente acumulam-se nos seres vivos. Os chamados metais pesados. Os resíduos industriais podem ainda se acumular no solo, tornando extensas áreas impróprias para a maior parte das atividades humanas.
  • Para se ter uma noção da influência da expansão das fronteiras agrícolas na degradação ambiental, segundo informações do Ministério do Meio Ambiente, 33% da vegetação do cerrado das nascentes do Rio Xingu e de seus afluentes já foram destruídas. A bacia do Rio Xingu atravessa dois importantes biomas brasileiros, o Cerrado e a Floresta Amazônica, com um território de 2,6 mil hectares e o principal vetor deste ritmo de degradação é o modelo de atividade agropecuária, implantado a partir da década de 60.
Erosão
  • O fenômeno de degradação e decomposição das rochas, ou as modificações sofridas pelo solo devido a variações de temperatura, a ação da água e do vento, é chamado de erosão.
Erosão Laminar
  • Arraste de uma camada muito fina e uniforme do solo, a forma mais perigosa de erosão. Uma vez não percebida logo no início, é notada somente quando atinge um grau elevado, ou seja, após descobrir as raízes das plantas
Erosão em sulcos
  • Erosão que forma valas ou sulcos no terreno, sendo facilmente percebida. Em estágios mais avançados, favorece o aparecimento de voçorocas.
  • Problemas causados pela erosão:
    • Perda de solo pelo arraste de partículas;
    • Assoreamento de nascentes, córregos e rios;
    • Contaminação das águas por agroquímicos (agrotóxicos e fertilizantes químicos) que são arrastados com partículas do solo;
    • Desmoronamento de encostas e taludes.
Voçoroca
  • A voçoroca, boçoroca ou ravina é um fenômeno geológico que consiste na formação de grandes buracos de erosão, causados pela chuva e intempéries, em solos onde a vegetação é escassa e não mais protege o solo, que fica cascalhento e suscetível de carregamento por enxurradas. Pobre, seco, e quimicamente morto, nada fecunda.
  • A voçoroca pode ser prevenida com a plantação de árvores na beira dos buracos, que agem como guarda-chuva do solo contra a chuva e vento, além de evitar que o fluxo da água leve consigo terra e sedimentos, que são retidos por suas raízes. É um fenômeno prejudicial, pois destrói terras cultiváveis e colabora para o assoreamento de rios e entupimento de redes de esgoto, que ficam entulhadas por detritos do solo, facilitando o processo das enchentes urbanas. Controle da voçoroca: Sugerem-se a construção de terraços e bacias de retenção para o ordenamento e armazenamento da enxurrada formada na parte superior da voçoroca, e barreiras para reter sedimentos dentro das voçorocas, e algumas no entorno desta, com paliçadas de bambu e pneus usados.
A importância da mata ciliar
  • A quantidade de água em contato com o solo é um dos fatores determinantes no processo de erosão; as margens dos rios são, portanto, extremamente vulneráveis a ela, o que pode causar danos gravíssimos, como assoreamento e perdas de solo para agricultura. Na natureza, ao longo dos anos, a instalação de uma vegetação nas margens dos rios foi fundamental para a estabilização e existência dos leitos: as Matas Ciliares, assim denominadas pela similaridade da ação exercida pelos cílios na proteção do olho. Os cursos d’água que apresentam sua mata ciliar íntegra são menos impactados por agentes externos. Formam longos corredores de vegetação ao longo dos rios contribuindo para a manutenção da biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas.
  • Observações necessárias para se iniciar um projeto de recuperação de áreas degradadas
    • Estudo dos remanescentes florestais dos locais a serem reflorestados (espécies nativas);
    • Levantamento das condições ambientais e as possíveis causas da degradação (uso de defensivos agrícolas, queimadas, passagem de gado etc);
    • Escolha do modelo de recuperação, de acordo com os objetivos e características locais: plantio em linhas, alternado, sistemas agroflorestais;
    • Escolha das espécies a serem plantadas, tendo como base as características da vegetação original, no modelo de reflorestamento escolhido e nas características locais do ambiente (se é mata ciliar ou não, se a área é sujeita a alagamentos etc).
Escolha das espécies
  • Num primeiro momento as espécies devem possuir resistência ao ambiente degradado, além de serem adaptadas ao clima da região.
    • Devem ser de fácil propagação.
    • Facilidade de se obter sementes.
    • Facilidade de se propagar a semente
    • Deve possuir crescimento rápido e fornecer cobertura ao solo
    • Deve ser uma boa fornecedora de matéria orgânica para o solo
    • Essas espécies podem ser plantadas através de mudas ou plantadas por sementes diretamente no campo.
Sucessão ecológica
  • O processo de instalação lento e gradual de organismos em um determinado local é chamado de sucessão ecológica. No caso desse processo ocorrer em uma área até então desabitada, diz-se que ocorre sucessão primária; no caso de instalação de organismos em uma área que já se constituía como um ecossistema, como, por exemplo, uma área de mata desmatada ou queimada, dizemos que ocorre sucessão secundária.
  • A sucessão primária pode ocorrer em rochas inabitadas, em áreas cobertas por lava vulcânica resfriada ou ainda em telhados antigos. A ausência de nutrientes orgânicos não permite a sobrevivência de organismos heterótrofos (que não produzem o próprio alimento), e a escassez de nutrientes inorgânicos dificulta a sobrevivência de autótrofos (que produzem o seu alimento) de grande porte. Devido à capacidade de síntese de matéria orgânica e ao pequeno porte os primeiros organismos a se desenvolverem nessas condições são os liquens, as cianobactérias e os musgos, que são chamados de organismos pioneiros e constituem, juntamente com os consumidores e decompositores desses seres, as comunidades pioneiras.
  • Com o passar do tempo, a decomposição de fezes, tecidos e organismos mortos produz nutrientes inorgânicos, como os nitratos e o fosfatos, permitindo a sobrevivência de gramíneas, herbáceas, e animais invertebrados e vertebrados de pequeno porte. Esses organismos constituem as chamadas comunidades intermediárias ou seres. As comunidades intermediárias ou seres, propiciam o desenvolvimento das árvores da vegetação “adulta” (geralmente de ciclo de vida longo), que formam as comunidades clímax.
  • Já o processo de sucessão secundária ocorre em locais anteriormente povoados, cujas comunidades saíram do estágio de clímax por modificações climáticas, pela intervenção humana (como em um terreno desmatado ou queimado), ou pela queda de uma árvore na mata abrindo uma clareira na floresta. Nesses casos, a sucessão se dá a partir das comunidades intermediárias (seres), e na ausência de perturbações ambientais – como por exemplo, queimadas, poluição do ar e do solo, agrotóxicos e novos desmatamentos – a comunidade pode se desenvolver até atingir o clímax, como descrito para a sucessão primária. No entanto, quase sempre os fatores de perturbação ambiental ocorrem, dificultando e, às vezes, até impedindo o processo de sucessão natural. O tempo para esse processo acontecer é muito longo, podendo ultrapassar 60 anos, para alguns tipos de ambientes, mesmo na ausência total de problemas ambientais.

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