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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

DADOS DA CONSTITUINTE VENEZUELA GERAM DÚVIDAS SOBRE COMPARECIMENTO

Apenas 3,7 milhões de pessoas votaram na polêmica eleição da Assembléia Constituinte da Venezuela, de acordo com os dados internos do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) vistos pela agência de notícias Reuters. O número lança dúvida sobre a afirmação de que 8,1 milhões de pessoas participaram da votação.

A eleição do órgão legislativo foi apontada por críticos como ilegítima e concebida para dar ao governo impopular do presidente Nicolas Maduro  poderes para reescrever a Constituição e suprimir o atual Congresso dominado pela oposição.

Em reação a votação, o governo dos EUA impôs sanções a Maduro, chamando-o de ditador por tomar o poder absoluto.

O baixo comparecimento pesaria contra Maduro, principalmente depois de a oposição realizar sua própria votação extraoficial no mês passado e afirmar que mais de 7,5 milhões de pessoas votaram contra a controversa Constituinte pelo governo.

Os documentos que contabilizam os dados das 14.515 seções de votação da Venezuela mostram que 3.720.465 pessoas haviam votado. O número representa 18,7% do total de 19,8 milhões de eleitores da Venezuela. De acordo com o governo venezuelano, 41,53% do total de eleitores comparecem às urnas.

"Embora seja possível ter uma arrancada tardia no final do dia, e o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) tentou fazê-lo no passado e dobrar a votação na última hora e meia seria inédito", disse Jennifer McCoy, cientista política que liderou missões de observações eleitoral na Venezuela para o Carter Center, que tem sede em Atlanta (EUA).

O CNE prorrogou a votação até as 19 horas, mas acredita-se que algumas seções ficaram abertas mais tempo. As autoridades venezuelanas não responderam a um pedido de comentário sobre os dados do pleito.

A Venezuela está atravessando uma grande crise. Milhões de pessoas estão sofrendo com a escassez de alimentos, a inflação em disparada e meses de protestos antigoverno, o que torna ainda mais improvável Caracas ter obtido um comparecimento tão positivo.

As autoridades fizeram muita pressão para que o funcionalismo estatal votasse, até ameaçado demitir que não o fizesse. Vários funcionários receberam telefonemas de chefes ou colegas no final do dia pressionando-os a votarem.

Especialistas eleitorais questionaram o processo de votação, que dizem ter sido repleto de irregularidades e muitos, inclusive um membro do CNE, duvidaram dos números.

"Pela primeira vez desde que assumi este compromisso com o país, não posso garantir a consistência ou a veracidade dos resultados oferecidos", disse Luis Rondon, um diretores do CNE, em um comunicado nas redes sociais.
Fonte: Folha de São Paulo



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