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terça-feira, 26 de novembro de 2019

ATUALIZAÇÃO DE BASES CARTOGRÁFICAS

  • A carência de mapeamento no Brasil, principalmente em escalas grandes, é agravada pelo fato de grande parte encontrar-se desatualizado, fazendo com que a sua utilização não alcance os objetivos para os quais foram elaborados.
  • Os métodos para produção de mapas, assim como para atualização cartográfica evoluíram gradativamente com o advento de novos processos tecnológicos, principalmente na área da informática com o mapeamento digital, a utilização de Sistemas de Posicionamento Global (GPS), tratamento digital de imagens e Sistemas de Informação Geográfica (SIG).
  • É indiscutível a importância do sensoriamento remoto para a cartografia. A agilidade e a redução de custos obtidos através da utilização de imagens orbitais para atualização cartográfica vem acompanhadas de uma qualidade cada vez maior no que diz respeito à resolução espacial, obtida através de sensores multiespectrais de alta tecnologia atendendo aos requisitos de precisão planimétricas exigidos para as escalas do mapeamento sistemático.
  • Deve-se ressaltar o menor custo para aquisição de imagens se comparado a realização de novo recobrimento aéreo.
  • Portanto, atualmente, para a atualização e ou elaboração de documentos cartográficos, lançamos mão a levantamentos de campo e as tecnologias de sensoriamento remoto e geoprocessamento.
Levantamento de Campo
  • Compreende um conjunto de atividades que visam, através de medições de campo, determinar posições relativas de pontos sobre a superfície terrestre. Desta forma, permitem a representação de porções da superfície com seus acidentes naturais e artificiais, complementações e atualizações de mapeamentos existentes, localização de pontos, coleta de dados, bem como apoio a projetos de engenharia, estudos geológicos, hidrológicos, de vegetação, uso da terra, etc.
  • Dentre os tipos de levantamento de campo, podemos destacar os levantamentos topográficos.
Sensoriamento Remoto
  • O sensoriamento remoto pode ser definido, de uma maneira ampla, como sendo a forma de obter informações de um objeto ou alvo, sem que haja contato físico com o mesmo.
  • As informações são obtidas utilizando-se a radiação eletromagnética refletida e/ou emitida pelos alvos, geradas por fontes naturais como o Sol e a Terra, ou por fontes artificiais como por exemplo o Radar.
  • Embora esta técnica tem sido utilizada desde 1859, quando da descoberta do processo fotográfico, só recentemente o termo sensoriamento remoto foi incorporado na linguagem científica.
  • As técnicas de sensoriamento remoto foram amplamente utilizadas durante a primeira e a segunda guerra mundial no planejamento de missões com fins militares. Porém, até então, apenas fotografias aéreas obtidas à média e baixa altitude mereciam destaque.
  • Em 4 de outubro de 1957, pela primeira vez na história de nossa civilização, um objeto não tripulado foi lançado ao espaço exterior e pôs-se a gravitar em torno da Terra. Na década de 60 deu-se início aos experimentos espaciais tripulados, como por exemplo, a série de espaçonaves Gemini e Apolo da NASA. O que motivou o desenvolvimento de uma série de sensores com o objetivo de obter informações sobre a superfície terrestre.
  • Em 1972, os EUA deram um salto, e colocaram em órbita o primeiro satélite de sensoriamento remoto com finalidade civil, destinado a obtenção de dados, de forma rápida, confiável e repetitiva dos alvos terrestres.
  • A partir de então inúmeros outros sistemas de obtenção de dados passivos ou ativos, orbitais ou suborbitais foram desenvolvidos, e hoje a enorme quantidade de informações fornecidas por estes sensores nos permite conhecer melhor o nosso planeta, sendo ferramenta indispensável ao inventário, mapeamento e monitoramento dos recursos naturais.
  • No Brasil, o sensoriamento remoto tomou impulso na década de 1960 com o Projeto Radambrasil, que tinha como objetivo realizar um levantamento integrado dos recursos naturais do país. Este programa proporcionou o treinamento e especialização de diversos técnicos brasileiros, que até então só conheciam o manuseio de fotografias aéreas.
  • A extensão do território brasileiro, e o pouco conhecimento dos recursos naturais, aliado ao custo de se obter informações por métodos convencionais, foram os fatores decisivos para o país entrar no programa de sensoriamento remoto por satélite.
  • O sensoriamento remoto envolve basicamente duas fases: a fase de aquisição de dados e a fase de utilização.
  • Na fase de aquisição são fornecidas as informações referentes à radiação eletromagnética, aos sistemas sensores, ao comportamento espectral dos alvos, a atmosfera, etc. Na fase de utilização são mencionadas as diferentes possibilidades de aplicação destes dados nas várias áreas do saber, assim como: geografia, agronomia, engenharia civil, geologia, hidrologia, pedologia, etc.
  • As informações da superfície terrestre são coletadas por um sensor. O sensor é um dispositivo capaz de responder à radiação eletromagnética em determinada faixa do espectro eletromagnético, registrá-la e gerar um produto numa forma adequada para ser interpretada pelo usuário.
  • Um sistema sensor é constituído basicamente por um coletor, que pode ser uma lente, espelho ou antena e um sistema de registro, que pode ser um detector ou filme.
  • Os sistemas sensores utilizados na aquisição e registro de informações de alvos podem ser classificados segundo a resolução espacial (imageadores e não-imageadores), segundo a fonte de radiação (ativos e passivos) e segundo o sistema de registro (fotográficos e não-fotográficos).
    • Sensores Imageadores - São os sistemas que fornecem uma imagem de um alvo. Como exemplo podemos citar os "scanners" e as câmaras fotográficas.
    • Sensores Não-Imageadores - São os sistemas que fornecem informações sobre o alvo sem produzir imagens, estas informações podem estar contidas em gráficos, tabelas, etc. Como exemplo destes sensores temos os radiômetros, espectrorradiômetros e termômetros de radiação.
    • Sensores Ativos - Os sensores são ditos ativos quando têm uma fonte própria de radiação eletromagnética. Como exemplo citamos o radar e uma câmara fotográfica com flash.
    • Sensores Passivos - São sensores passivos os que não possuem fonte própria de radiação. Como exemplo temos: radiômetros, espectrorradiômetros e termômetros de radiação.
    • Sensores Fotográficos - São os sistemas sensores que utilizam como fonte de registro um filme fotográfico. Como exemplo temos a câmera fotográfica.
    • Sensores Não-Fotográficos - São os sistemas que não utilizam como fonte de registro um filme. Como exemplo temos: radiômetros, sensor ETM+/Landsat, sensor MSS/Landsat, SPOT.
  • Os dados de sensoriamento remoto podem ser agrupados em quatro domínios ou resoluções, a saber: temporal, radiométrico, espectral, espacial ou geométrico.
    • Resolução Temporal - Está relacionada com a repetitividade com que o sistema sensor possui na obtenção de informações dos alvos. Por exemplo, o satélite norte-americano Landsat 7 apresenta uma repetitividade de 16 dias.
    • Resolução Radiométrica - Entende-se por resolução radiométrica a maior ou menor capacidade de um sistema sensor em detectar e registrar diferenças de reflectância e/ou emitância dos elementos da paisagem (rocha, solo, água, vegetação, etc.).
      • No satélite Landsat, no sistema sensor ETM+, as informações dos alvos imageados são registradas em 256 tons distintos de cinza ou números digitais.
    • Resolução Espectral - Refere-se a melhor ou pior caracterização dos alvos em função da largura espectral e/ou número de bandas em que opera o sistema sensor. Uma alta resolução espectral é obtida quando as bandas de um sistema sensor são estreitas e/ou quando se utiliza um maior número de bandas espectrais. Por exemplo, o sistema sensor ETM+ do Landsat 7 possui oito faixas espectrais, possuindo, portanto, uma resolução espectral melhor do que o sistema sensor. MSS (Multispectral Scanners System) deste mesmo satélite. Além do que, o ETM+ possui algumas bandas mais estreitas do que o MSS.
    • Resolução Espacial - Pode ser definida como sendo a mínima distância entre dois objetos (alvos) que um sensor pode registrá-los como sendo objetos distintos. Depende das características dos detectores, altitude da plataforma, contraste entre os objetos, etc. Por exemplo, o sensor ETM+ possui resolução espacial de 30 metros, nas bandas 1, 2, 3, 4, 5 e 7.
  • Os satélites para atualização e/ou elaboração de documentos cartográficos fazem parte do grupo de satélites de sensoriamento remoto e monitoramento do meio ambiente, dos quais os mais utilizados no Brasil são: o LANDSAT, o SPOT, o CBERS, IKONOS e o QUICK BIRD.
  • Hoje inúmeras instituições do país utilizam-se desta tecnologia para obter informações de caráter geológicos, geomorfológico, pedológico, hidrológico, agrícola, de qualidade ambiental, etc.
Geoprocessamento
  • A recente popularização das técnicas de geoprocessamento tem feito surgir algumas confusões na atribuição dos termos Geoprocessamento e Sistemas de Informações Geográficas, que vêm sendo utilizados como sinônimos quando, na verdade, dizem respeito a coisas diferentes.
  • O Geoprocessamento é um termo amplo, que engloba diversas tenologias de tratamento e manipulação de dados geográficos, através de programas computacionais. Dentre essas tecnologias, se destacam: a cartografia digital, o processamento digital de imagens, os sistemas de posicionamento global (GPS) e os sistemas de informação geográficas (SIG). Ou seja, o SIG é uma das técnicas de geoprocessamento, a mais ampla delas, uma vez que pode englobar todas as demais, mas nem todo o geoprocessamento é um SIG.
  • A tecnologia de SIG integra operações convencionais de bases de dados, com possibilidades de seleção e busca de informações e análise estatística, conjuntamente com possibilidades de visualização e análise geográfica oferecida pelos mapas. Esta capacidade distingue os SIG dos demais Sistemas de Informação e torna-os úteis para organizações no processo de entendimento da ocorrência de eventos, predição e simulação de situações e planejamento de estratégias.
  • Os SIG permitem a realização de análises espaciais complexas através da rápida formação e alteração de cenários que propiciem aos planejadores e administradores em geral, subsídios para a tomada de decisões.
  • A opção por esta tecnologia, busca melhorar a eficiência operacional e permitir uma boa administração das informações estratégicas, tanto para minimizar os custos operacionais quanto para agilizar o processo decisório.
  • Outro tipo de confusão comum, ocorre com os programas de automação de tarefas cartográficas e visualização de dados, genericamente denominados de CAD, que vêm sendo divulgados como algo muito além do que eles verdadeiramente são. Estes sistemas trazem grande contribuição na elaboração de mapas e permitem a manipulação dos elementos da representação cartográfica, facilitando a análise espacial.
  • Entretanto o SIG supera a simples manipulação de mapas digitais realizada pelo CAD, através da exploração das relações existentes entre dados gráficos e descritivos, permitindo a execução de funções de análise espacial, envolvendo proximidade, adjacência e conectividade, além de análises envolvendo compatibilizações de diversos mapas, oriundos de diversas fontes, escalas, sistemas de projeções, etc.
  • Dentre os softwares mais usados no Brasil para geoprocessamento, dependendo da aplicação, podemos destacar: ArcInfo, ArcView, Autodesk Map, ENVI, Erdas, GRASS, Idrisi, MapInfo, Microstation e SPRING.

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