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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

POLARIZAÇÃO POLÍTICA NA POLÔNIA SE ASSEMELHA AO BRASIL

Apesar dos mais de 10 mil quilômetros de distância e das muitas diferenças que separam brasileiros e poloneses, as duas sociedades vivem debates políticos parecidos como: rejeição à esquerda, discussão sobre livre mercado, renovação política, separação de religião e Estado e acolhimento a imigrantes são alguns exemplos.

Com 38 milhões de habitantes, a Polônia anunciou na última semana o resultado das eleições regionais, que consagraram a expansão do polêmico PiS (Lei e Justiça), partido conservador de direita. 


No governo desde 2015, a agremiação tem grande apelo popular, mas é alvo de críticas por parte da União Europeia e de observadores internacionais, que apontam algumas medidas antidemocráticas do governo.

A diferença do Brasil, porém, na Polônia discursos extremos são menos bem recebidos.

"Na Europa, Bolsonaro seria chamado de neonazista, dados seu histórico militar e suas declarações homofóbicas e de apologia da tortura", de acordo com o Instituto de Estudos Americanos da Universidade Jaguelônica, em Cracóvia, na Polônia.

Fonte: UOL Noticías

terça-feira, 30 de outubro de 2018

BOLSONARO SERIA O TRUMP DO SUL?

O récem-eleito presidente da República, Jair Bolsonaro, recebeu o apelido de "Trump dos trópicos" porém a Casa Branca deixou claro que só existe um Trump no mundo.

"Há apenas um Donald Trump, na minha opinião", declarou a porta-voz do presidente, Sarah Sanders, ao ser questionada em entrevista coletiva sobre essa comparação.

Em meados de outubro, Bolsonaro alimentou esse paralelo com o presidente americano, com quem compartilha um gosto especial pelas declarações provocadoras e reações instintivas.

"Eu sou um admirador do presidente Trump. Ele quer a América grande, eu quero o Brasil grande", afirmou Bolsonaro em sua primeira entrevista coletiva após vencer o primeiro turno das eleições gerais. E destacou a sua visão sobre imigração, contrária às fronteiras abertas, aproximando-se do presidente dos EUA.

Donald Trump, magnata imobiliário que não tinha experiência política quando foi eleito para a Casa Branca, em novembro de 2016, está longe do caso de Bolsonaro, capitão da reserva do Exército e deputado federal há 27 anos.

Mas o certo é que tanto Trump quanto Bolsonaro têm pontos em comum: os dois chamaram a atenção por sua retórica polêmica e muitas vezes agressiva, foram acusados de misóginos e racistas, são inimigos da imprensa tradicional e souberam aproveitar as redes sociais como poucos.

Fonte: APF/UOL Notícias




segunda-feira, 29 de outubro de 2018

EFEITO BOLSONARO NA AMÉRICA LATINA

Com a vitória de Jair Bolsonaro, o Brasil integra oficialmente a guinada à direita vista nos últimos anos na América do Sul. Parte do crescimento mundial do conservadorismo e do populismo, o movimento pode alcançar mais países da região.

Mas, à diferença do que se viu na campanha aqui, é pouco provável que candidatos nas nações vizinhas incorporem o discurso radical que caracteriza a "direita à brasileira" promovida por Bolsonaro, afirmam os estudiosos.

Para os especialistas em política latino-americana, a onda conservadora no Brasil tem raízes no descontentamento contra o sistema político que, para muitos, perdeu representatividade e só age em benefício próprio - algo visto, em maior ou menor intensidade nos países vizinhos. Esse efeito poderá ser sentido em 2019, com as eleições na Argentina, Bolívia e Uruguai.

"Se ele fosse basicamente um conservador, seria algo comum no continente nos últimos anos", diz Paulo Velasco, cientista político da UERJ, se referindo ao chileno Sebastian Piñera e ao colombiano Ivan Duque, eleitos neste ano.

Mas, apesar das agendas econômicas similares, o tom dos discursos vistos aqui deve ter pouca acolhida entre os vizinhos.

"Mauricio Macri e Piñera respeitam o sistema democrático, e nenhum deles disse, nem mesmo em campanha, as coisas que Bolsonaro tem falado contra a homossexualidade, porte livre de armas, contra a ONU ou duvidando da mudança climática. No Chile e na Argentina, defender coisas tão extremas resultaria em perda de apoio, e não na possibilidade de ganhar uma eleição".

É normal que os governos mudem da centro-esquerda para a centro-direita e vice-versa, mas Bolsonaro representa uma extrema-direita, por sua defesa da tortura, de execuções extrajudiciais, misoginia e outras posições incompatíveis com o imaginário democrático.

Isso porque, nas outras nações do Cone Sul, houve um trabalho mais competente em termos de memória histórica e repele-se muito fortemente a era da ditadura militar. Um candidato com o discurso de Bolsonaro, de louvar os torturadores, dizer que não houve ditadura, não teria espaço na Argentina, no Chile ou no Uruguai.

A repercussão negativa desse tipo de discurso pode impor empecilhos na integração com os demais líderes.

Para os governos democráticos de centro-direita, como Macri na Argentina e Piñera no Chile, existe o dilema de não se identificar com um presidente de extrema-direita com o qual eles estão interessados em manter boas relações, principalmente comerciais.

Fonte: UOL Notícias



segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A DEMOCRACIA CORRE RISCO

O avanço eleitoral da extrema-direita no Brasil, que no próximo dia 28 pode se traduzir na eleição de Jair Bolsonaro como presidente da República, veio a confirmar a extensão e a profundidade dos riscos que pairam sobre a democracia parlamentar em todo o mundo. As ameaças não procedem de um extremo ideológico ou de outro, mas ambos parecem concordar em deslegitimar o sistema político em seu caminho rumo ao poder, ao mesmo tempo em que se servem dos direitos e das liberdades que o próprio sistema lhes proporciona. A América Latina não é a única região em que o fenômeno está alcançando estações de difícil retorno, em países como Venezuela, Bolívia ou Nicarágua; também na Europa as opções extremistas de todos os matizes estão passando de condicionar a agenda política às margens do sistema, como vinha ocorrendo até agora, a instalar-se solidamente em seu interior, graças a um apoio eleitoral cada vez mais amplo. Enquanto isso, Donald Trump aspira a ganhar a lealdade das forças que questionam os regimes de liberdade, Vladimir Putin manobra cada vez mais abertamente valendo-se delas para destruí-los e a China persevera em um modelo próprio.
A cautela com que se abordou nos últimos anos esse fenômeno político, cuja autêntica natureza não é segredo para ninguém, obedeciam à responsabilidade exigida de se comparecer ao debate público, posto que é estreita demais a fronteira entre dar a voz de alarme e cair no alarmismo. Mas os recentes avanços de líderes políticos que concebem a democracia como uma escala tática na realização de seus programas obrigam a dar esse passo. O horizonte que está se delineando não é o de uma proliferação de ditaduras isoladas, mas o do retorno do autoritarismo: a democracia está em perigo.
Ninguém deveria se enganar com o fato de que as alternativas que se propõem a destruí-la assegurem que seu objetivo é defendê-la. Mas, antes de tudo, não deveria confundir os grandes partidos que garantiram seu funcionamento desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Quando estes cedem à tentação eleitoreira de dizer que a democracia não sobreviverá sem dar resposta aos assuntos que inflamam o discurso dos extremistas, esquecem que o diagnóstico é exatamente o contrário. Não é que a democracia não tenha resposta para os problemas que obcecam o obscurantismo, como a nação, a identidade e a segurança, mas que os extremistas não têm resposta para a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Sem dar resposta a esses desejos não só a democracia não sobrevive, como tampouco a dignidade do ser humano.
Os extremistas de todo tipo aspiram a prosperar no terreno das pequenas políticas, ridicularizando a democracia como prisioneira das grandes palavras. Nesse ponto, porém, convém recordar-lhe que foram essas grandes palavras que derrotaram seus precursores toda vez que precipitaram o mundo na catástrofe, que permitiram reconstruir as sociedades conduzidas à ruína e que, finalmente, garantiram durante décadas um destino mais benévolo para todos.
Que ninguém duvide que as grandes políticas para as grandes palavras existem, e que nada têm a ver com as boas intenções. Aplicá-las exige de todas as forças que defendem a democracia não se deixar seduzir pelos apelos de um realismo que no fundo é só cumplicidade com seus inimigos. O extremismo quer fazer crer que democracia é escolher entre o medo que acena com uma mão e as correntes que aspira impor com a outra. Democracia é, ao contrário, recusar simultaneamente o medo e as correntes.
Fonte: El Pais